LENDA URBANNA

Êêêêê... Feliz 2008 para todo mundo (mas principalmente para vocês meus poucos, mas queridíssimos leitores)!


Estou voltando à ativa no blog (porque para o trabalho eu já voltei desde segunda) e começo o ano inaugurando uma nova seção aqui no blog, chamada LENDA URBANNA.


O que é?

Quando vocês se depararem com o título LENDA URBANNA, pode saber... Lá vem lorota!
Éééé, isso mesmo, lorota... Ou uma obra de ficção, como preferirem.
O fato é que o título serve para identificar que não, em absoluto, essas estórias não aconteceram comigo, são apenas frutos da minha imaginação. Talvez contenham algumas cenas de vida real, afinal, como todos sabem, a arte pode imitar a vida! Mas quando há cenas reais no meio do texto, pode acreditar, elas servem apenas de inspiração para eu poder aumentar e inventar toda uma estória.


Então... Senta que lá vem a estória!!!



LENDA URBANNA 01 (parte 01)


Encontraram-se num restaurante, hora de almoço, plena segunda-feira. Ela o viu, mas preferiu fingir que não tinha visto. Sabia que não seria bom conversar com ele. Estava passando por uma fase difícil em seu casamento, e aproveitava o período em que o marido estava viajando para tentar colocar a cabeça no lugar e tentar descobrir qual seria a melhor atitude a ser tomada. E sabia que a proximidade daquele homem poderia interferir na sua decisão.
Ela percebeu que ele esticava o pescoço na sua direção, como quem quer ver e ser visto. Distraiu-se olhando para um casal que chegava com duas crianças pequenas, foi acompanhando-os com o olhar e, de repente, o rosto dele surgiu entre ela e o casal com as crianças. Ele acenou, falou alguma coisa com o colega que estava sentado na mesma mesa, e levantou, começando a caminhar em sua direção.
Ela ferveu e ao mesmo tempo congelou no pouco tempo entre ele se levantar e chegar até ela.
...
Puxou uma cadeira e perguntou se poderia sentar-se. Ela consentiu com um sorriso.
Conversaram sobre o trabalho de cada um, perguntaram dos amigos em comum, até que veio a pergunta que ela sabia que viria cedo ou tarde...
- Como está seu casamento?
- Ah, está indo muito bem... – ela sentiu um nó na garganta e só conseguia pensar que não era hora nem lugar para chorar, baixou a cabeça, piscou os olhos rapidamente na intenção de conter as lágrimas que insistiam em inundar seus olhos e começou a remexer a comida no prato.
Ele colocou a mão direita no seu rosto, tentando erguê-lo para constatar o que ele já imaginava... Ela estava chorando. Ela sempre fazia isso quando não conseguia conter o choro, baixava a cabeça e ficava mexendo com qualquer coisa que estivesse ao seu alcance, abaixo da linha dos olhos. E ele conhecia essa mulher desde que ela era apenas uma garotinha, passou bons anos convivendo com ela diariamente e, como amigo, sabia mais das fraquezas e manias dela do que ela mesma. Além se saber, por amigos em comum, que o casamento dela estava com os dias contados.
- Ei, o que houve? – disse ele passando o polegar no rosto dela mais para acariciá-lo do que para enxugar suas lágrimas.
Ela ficou em silêncio.
- Venha comigo, vamos conversar num local mais tranqüilo. – disse ele já se levantando
- Melhor não... Você tem que voltar ao trabalho e eu também, eu vou ficar bem, pode deixar.
- Não discuta. Você está de carro, certo?
Ela balançou a cabeça em sinal positivo.
- Me dá um segundo, apenas.
...
Ele foi até a mesa onde estava antes, entregou as chaves do carro para o colega que estava com ele, falou alguma coisa e voltou à mesa dela, afastou a cadeira, ajudando-a a se levantar e saíram do restaurante. Ela colocou as chaves do seu carro na mão dele.
- Pra onde você quer ir?
- Qualquer lugar...
Ela reconheceu o caminho que ele estava fazendo... Percebeu que estavam indo para o apartamento dele. Ele não perguntou nada durante o trajeto e ela não disse uma palavra sequer.
Estacionaram o carro na garagem, chamaram o elevador, subiram sem trocar sequer uma palavra, ela permanecia com o olhar baixo, como se estivesse com vergonha da cena que ele havia presenciado, sentia que ele a olhava com piedade, e isso a incomodava muito.
...
Ele abriu a porta do apartamento, fez com que ela entrasse. Ofereceu-lhe uma bebida, ela recusou enquanto sentava-se no sofá. Ele sentou-se na mesa de centro, ficou frente a frente com ela e disse:
- Sou todo ouvidos, se quiser desabafar... Mas se não quiser falar nada eu vou entender e sou capaz de ficar aqui o resto do dia, só olhando para você.
Ela foi falando devagar, com calma, tentando não chorar. Contou-lhe todos os problemas que vinham tomando conta de seu casamento, contou-lhe que estava num momento crucial, decidindo entre continuar ou interromper o casamento e que não sabia se teria condições de continuar. Ele quase não falou, afinal era o menos indicado para falar de casamento, ficou casado por um ano, mas desde o primeiro mês já dizia que não ia durar muito tempo, dizia ter tomado a decisão errada e na hora errada.
Ela desabafou, sentiu-se aliviada e já estava até rindo com ele quando, de repente, ele ficou sério, segurou as mãos dela e disse olhando nos seus olhos:
- Não gosto de dar conselhos, ainda mais este que vou lhe dar agora, pois sei que pode não ser imparcial devido ao relacionamento que já tivemos e o sentimento que nunca se extinguiu em mim...
Ela corou. Sabia que mexia com ele ainda, da mesma forma que ele mexia com ela, baixou os olhos, mas resolveu que devia encarar aquilo de frente, não era mais uma garotinha como antes, sabia-se capaz de enfrentar aquilo, só não sabia se seria a forma mais certa. Encarou-o.
- Não adianta você insistir num relacionamento que está te fazendo infeliz. Eu te conheço há muito tempo e consigo perceber só nos esbarrões que temos dado por aí que você não está feliz. Hoje foi a gota d’água, eu tenho que te falar que, por experiência própria, não vale a pena ficar adiando a decisão, tentando tapar o sol com a peneira. Você conhece a história de como acabou meu casamento, foi mais doloroso do que teria sido se eu tivesse tomado a decisão antes. Portanto, minha linda, tome a sua decisão de uma vez por todas, porque assim você está sofrendo demais, sofre antes, durante e depois. O peso de tomar a decisão, a insegurança, o medo, tudo isso faz muito mal. Você vai ver que, mesmo que você decida acabar com o seu casamento, vai ser mais fácil do que você pensa, todo mundo é contra, mas só você é quem sabe o que está passando e o que pode ser melhor para você.
- Eu sei de tudo isso, mas tenho ensaiado para tomar essa decisão. Não é fácil. Envolve muita coisa, muito sentimento, tenho medo de magoá-lo demais.
- Chega de pensar nos outros... Pense um pouco em você, dor de amor passa, mas viver o resto da vida infeliz não dá. Você é uma mulher independente, sempre foi segura de si, não é agora que vai se deixar abater, atrofiar...
- Você tem razão... Mas tenho medo de tomar essa decisão com você por perto.


(Continua)

Comentários

Anônimo disse…
Ei, Anna, que o ano novo seja nuito mais feliz que o ano passado, mesmo que este tenha sido feliz!
Sua novela começa bem, já depois do final do conto de fadas. Noto três coisas nesse capítulo.
Primeira: A protagonista já se decide muito antes de "decidir": Vai tranquilamente para o campo do "adversário" (não dela, mas do cônjuge), onde, teoricamente, o local favorece o rival. Ela torce contra o pr´prio time.
Segunda: Ela está "decidindo entre continuar ou interromper", linguagem que parece adequada ao pensamento atual, quando o casamento deixa de ser um estabelecimento e passa a ser um processo, cujo fluxo pode ser interrompido a qualquer momento.
Terceira: Ele diz "mesmo que você decida acabar com o seu casamento... todo mundo é contra". É notável essa tendência dos parentes e amigos tentarem conservar o casamento... dos outros! Eu também sou conservacionista, mas se o calo dói, não sou contra tirar o sapato.
Voltarei ao mesmo canal pra ver o próximo capítulo.
Beijos.
UrbAnna disse…
Tesco,
Eu AMO os seus comentários sobre as minhas novelinhas curta-metragem! De verdade, e não é de hoje!

Que 2008 seja para vc um grande ano tb, com muita, mas muita coisa boa. Potes gigantes transbordando de felicidade, saúde, amor e paz para vc, querido.

Beijo

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